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quinta-feira, 10 de maio de 2012

FAZENDA DE SANTA LUZIA

                                            FAZENDA DE SANTA LUZIA
Situada sua sede a apenas  1 km do povoado  de  São Pedro do Pequeri, era parte desmembrada da sesmaria de Santa Rosa que pertencera a Mariano Dutra de Morais. Fez parte, também, da fazenda do Piquiri de  Marcelino Dias Tostes que cedera 40 alqueires aos italianos  Julio e Fernando  Equi, pioneiros da imigração nestes sertões e donos de uma fabrica de cerveja e de amplo comércio de importação  e exportação no povoado.  Sua sede com dois andares, foi inaugurada em 1898 dentro do estilo rural italiano. Abrigou mais de 40 famílias de imigrantes que se dedicavam ao cultivo do café como principal riqueza, à produção do açúcar mascavo e à colheita de cereais e legumes. Nunca teve escravos por ter sido fundada já dentro do regime  republicano, sendo  seus proprietários  adeptos da abolição e do regime imperial.   
Com o falecimento em 1900 de  Fernando Equi, casado com a sobrinha Mariana, filha de  Julio Equi, o espólio da família foi adquirido por Enrico Vanni que se tornara genro  de Julio Equi ao casar-se  com a viúva Mariana em 1902. Sob a égide de Enrico Vanni, a  Fazenda prosperou e ao final da década de 1929 contava com quase 90 alqueires de terras.
 Em decorrência do fracasso da lavoura cafeeira e o êxodo rural, Enrico Vanni que tinha sob seu comando a fábrica de cerveja e bebidas finas, soube como salvar-se, inclusive abrigando em suas terras algumas famílias italianas e ainda podendo enviar seus filhos para estudar em Petrópolis e em Leopoldina.
Decadente a lavoura de café, os fazendeiros remanescentes se dedicaram à pecuária leiteira, a fazer negócios com compra e venda de gado e a fornecer lenha para a Leopoldina  Railway o  que o italiano Enrico Vanni não concordava. Destruir as matas –dizia ele -  e um crime contra a natureza. E suas matas foram sempre preservadas, embora alguns troncos de madeira de lei fossem sacrificados por necessidade social. Era a extração de madeira racional.
No final dos anos de 1920 duas usinas de laticínios se instalaram em  Pequeri enquanto que a fabrica de bebidas encerrava suas atividades. Era o ciclo leiteiro  estimulado pelo governo federal objetivando o abastecimento de leite ao Rio de Janeiro. Entre a produção própria e a de arrendatários de pastos, a fazenda  Santa Luzia se classificava entre as produtoras de 400 a 600 litros diários, embora o italiano Enrico Vanni, produzisse queijos de vários tipos da sua terra  natal como o parmesão, cavalo, mussarela, ricota, doce de leite caseiro e venda diária de leite para famílias amigas.
No tempo da Segunda Guerra  Mundial,  aconteceu o interesse dos  norte-americanos pela malacacheta, um mineral folheável de grande valor. Toda a região entrou em ebulição e Pequeri foi beneficiada com a descoberta de veios desse  mineral extraído juntamente com o cristal de rocha, o caulim e o feldspato desprezados na ocasião. Na fazenda do Piquiri, chegaram a trabalhar dentro de tuneis mais de 250 homens. Também na  fazenda Santa Luzia foram encontrados veios de malacacheta tipo rubi (muito valorizado), caulim e cristal de rocha, que ainda constituem uma reserva valiosa.  
Já decadente, a fazenda Santa Luzia foi dividida em onze quinhões legados aos filhos de Enrico Vanni ainda em vida. A construção da rodovia Pequeri- Bicas  atravessando as terras da antiga fazenda possibilitou a valorização dos quinhões  que aos poucos foram negociados com pessoas de fora que construíram belas mansões e possibilitou a existência do Sítio Shalom, um modelo de assistência social a meninos de rua. Hoje, Pequeri tem no conjunto de belas chácaras e sítios, uma agradável paisagem para quem chega vindo  de  Bicas ou Juiz de Fora.
Fonte: Jornal "O Município " , da Coluna : Cultura, Gente e Ideias, de Julio C. Vanni. Bicas, 1º a 15 de março de 2012.

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