FAZENDA
DE SANTA LUZIA
Situada
sua sede a apenas 1 km do povoado de São
Pedro do Pequeri, era parte desmembrada da sesmaria de Santa Rosa que
pertencera a Mariano Dutra de Morais. Fez parte, também, da fazenda do Piquiri
de Marcelino Dias Tostes que cedera 40
alqueires aos italianos Julio e
Fernando Equi, pioneiros da imigração nestes
sertões e donos de uma fabrica de cerveja e de amplo comércio de
importação e exportação no povoado. Sua sede com dois andares, foi inaugurada em
1898 dentro do estilo rural italiano. Abrigou mais de 40 famílias de imigrantes
que se dedicavam ao cultivo do café como principal riqueza, à produção do
açúcar mascavo e à colheita de cereais e legumes. Nunca teve escravos por ter
sido fundada já dentro do regime
republicano, sendo seus
proprietários adeptos da abolição e do
regime imperial.
Com
o falecimento em 1900 de Fernando Equi, casado
com a sobrinha Mariana, filha de Julio
Equi, o espólio da família foi adquirido por Enrico Vanni que se tornara
genro de Julio Equi ao casar-se com a viúva Mariana em 1902. Sob a égide de
Enrico Vanni, a Fazenda prosperou e ao
final da década de 1929 contava com quase 90 alqueires de terras.
Em decorrência do fracasso da lavoura cafeeira
e o êxodo rural, Enrico Vanni que tinha sob seu comando a fábrica de cerveja e
bebidas finas, soube como salvar-se, inclusive abrigando em suas terras algumas
famílias italianas e ainda podendo enviar seus filhos para estudar em
Petrópolis e em Leopoldina.
Decadente
a lavoura de café, os fazendeiros remanescentes se dedicaram à pecuária
leiteira, a fazer negócios com compra e venda de gado e a fornecer lenha para a
Leopoldina Railway o que o italiano Enrico Vanni não concordava.
Destruir as matas –dizia ele - e um
crime contra a natureza. E suas matas foram sempre preservadas, embora alguns
troncos de madeira de lei fossem sacrificados por necessidade social. Era a
extração de madeira racional.
No
final dos anos de 1920 duas usinas de laticínios se instalaram em Pequeri enquanto que a fabrica de bebidas
encerrava suas atividades. Era o ciclo leiteiro
estimulado pelo governo federal objetivando o abastecimento de leite ao
Rio de Janeiro. Entre a produção própria e a de arrendatários de pastos, a
fazenda Santa Luzia se classificava
entre as produtoras de 400 a 600 litros diários, embora o italiano Enrico
Vanni, produzisse queijos de vários tipos da sua terra natal como o parmesão, cavalo, mussarela,
ricota, doce de leite caseiro e venda diária de leite para famílias amigas.
No
tempo da Segunda Guerra Mundial, aconteceu o interesse dos norte-americanos pela malacacheta, um mineral
folheável de grande valor. Toda a região entrou em ebulição e Pequeri foi
beneficiada com a descoberta de veios desse
mineral extraído juntamente com o cristal de rocha, o caulim e o
feldspato desprezados na ocasião. Na fazenda do Piquiri, chegaram a trabalhar
dentro de tuneis mais de 250 homens. Também na
fazenda Santa Luzia foram encontrados veios de malacacheta tipo rubi
(muito valorizado), caulim e cristal de rocha, que ainda constituem uma reserva
valiosa.
Já
decadente, a fazenda Santa Luzia foi dividida em onze quinhões legados aos
filhos de Enrico Vanni ainda em vida. A construção da rodovia Pequeri- Bicas atravessando as terras da antiga fazenda
possibilitou a valorização dos quinhões
que aos poucos foram negociados com pessoas de fora que construíram
belas mansões e possibilitou a existência do Sítio Shalom, um modelo de
assistência social a meninos de rua. Hoje, Pequeri tem no conjunto de belas
chácaras e sítios, uma agradável paisagem para quem chega vindo de
Bicas ou Juiz de Fora.
Fonte: Jornal "O Município " , da Coluna : Cultura, Gente e Ideias, de Julio C. Vanni. Bicas, 1º a 15 de março de 2012.
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