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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um show de técnica e esportividade

UM SHOW DE TÉCNICA E ESPORTIVIDADE
(Texto revisado e reeditado, extraído do Livro PEQUERI, do mesmo autor)

Uma límpida e ensolarada tarde de inverno, naquele domingo festivo de julho de 1968. A pequena e bela São Pedro do Pequeri vive o ápice do seu Primeiro Encontro dos Pequerienses Ausentes, iniciativa do então prefeito, Júlio César Vanni, e isto era um motivo a mais para o Estádio Valentino Ângelo Granato achar-se tão alvoroçante e com tantos torcedores, entre os quais muitos visitantes do Rio de Janeiro, gente bonita vinda das imediações, membros das inúmeras e tradicionais famílias participantes do célebre evento. Ouviam-se estrondos sucessivos de fogos, batucadas, gritos na plateia... Transcorre o início do primeiro tempo da partida preliminar entre o Esporte Clube Pequeriense e uma equipe convidada da região, cuja procedência, peço mil desculpas ao leitor pelo lapso de memória, mas sei que tratava-se de um time surpreendentemente forte, haja vista a decepção do povo local, já amargando o placar de 1 x 0 em favor dos visitantes. Tal situação, em absoluto, não era digerida e nem se coadunava com um povo habituado a memoráveis conquistas. Muito menos em tão jubilosa ocasião. Em um ponto isolado da torcida, as gargalhadas que se ouviam a todo instante, eram por conta do único capaz de dissimular um pouco a tensão do momento, o antológico personagem pequeriense, Antonio da Chiquinha, poeta, professor, compositor, músico e sobretudo palhaço. De longe e com tanta algazarra à volta, era impossível captar o conteúdo daquele show à parte, mas podia-se avaliar por sua performance coreográfica, dando seguidas cambalhotas no estreito espaço entre a lateral do campo e o alambrado. O ex-treinador e habitualmente sisudo, Ed Cortes Costa, que se encontrava por ali, gritando com os jogadores e fumando um cigarro após o outro, por um instante permitiu-se esquecer do placar e soltou uma de suas risadas, que na verdade era um tipo bizarro de fenômeno sonoro, algo comparável a um veículo desgovernado derrapando perigosamente numa pista cascalhada:
- Huá-huáááááááááááááááááááááááááá...
Mas o estresse de quem estava do lado de dentro do gramado era crescente, como se pairasse no ar um prenúncio do que estava para acontecer. Neste momento, o professor Zezé Vicente vai deixando o campo pulando numa perna só, com muitas caretas de dor, depois de ter seu tornozelo esquerdo maudosamente atingido pelo “número dois” adversário. A partida está paralisada e o atual técnico, Ascânio, sinalizava apressado, convocando o jogador Ranulpho Sales ,que já se aquecia junto à linha lateral, para proceder a substituição. - Há que ser bem frisada a questão do treinador oficial, pois bastava alguns segundos de paralisação na partida e vários outros “técnicos” avulsos também invadiam as quatro linhas para transmitir cada qual suas enérgicas orientações aos atletas, aproveitando que, nessa ocasião, o único obstáculo entre torcida e jogadores era um surrado conjunto de caibros de madeira servindo de parapeito, suspensos por uma série de estacas equidistantes, fincadas no chão ao longo de todo lado leste, já com falhas em diversos pontos. Ou seja, não havia o menor sacrifício para quem quer que fosse, entrar para onde estavam os times. Tanto não estou exagerando, que Raimundo Peão já se encontrava próximo ao grande círculo do campo, com várias cachaças no espírito, agitando um chicote usado para adestrar animais, xingando aos gritos a mãe de alguém da torcida local que o provocara. Por tratar-se de um personagem folclórico da comunidade, isto era apenas um item a mais de diversão dentro do ambiente comemorativo, exceto para seu filho, o Ailton, que entrou correndo pelo gramado, com seu porte físico Tarzã, meneando a cabeça seguidas vezes em completo constrangimento. Após insistentes argumentos, lá vinha o Ailton puxando o pai pelo braço, enquanto Raimundo Peão fazia força em sentido contrário, teimando em voltar, prosseguindo o exclamatório em altos brados...
-É a mãe! Vai falá com a véia!!
Nervoso, o Juiz fazia uso do apito para tentar esvaziar o campo e recomeçar o jogo, enquanto Primo Granato , fingindo nem ouvir os apelos do árbitro, cochichava algo gravíssimo no ouvido do jogador Ranulpho. Frisa-se o “gravíssimo”, pois as palavras do homem eram acompanhadas por gestos que ele fazia com a inseparável bengala, simulando uma espada pontiaguda atravessando a barriga de alguém. Ranulpho o ouvia, movendo afirmativamente a cabeça, como o discípulo que acata as ordens do mestre sem contestar.
Enfim o jogo é reiniciado. Ainda inconformado com esse maldito placar e com a apatia revelada pela equipe da qual já fora o técnico oficial alguns anos antes, o temperamental e espalhafatoso italiano, Primo Granato, vai agora caminhando enigmático junto à lateral do campo, no seu conhecido jeito de coxear a perna deficiente, auxiliado pela bengala. Ele era de baixa estatura, mas bastante robusto, destemido, usava o timbre possante da voz como uma de suas armas de intimidação durante as encrencas, com as quais era bem familiarizado. Seu formato craniano, típico de todos os homens daquela numerosa e tradicional família de imigrantes, estava oculto por um chapéu de feltro, e os óculos de grau de lentes grandes completavam o autêntico perfil de um capo da Cosa Nostra. Ele acabara de decidir consigo mesmo, sem pedir opinião a mais ninguém, optar por uma tática extrema que, no seu tempo como treinador, costumava reverter o placar em questão de minutos, quase como numa intervenção sobrenatural do padroeiro São Pedro. (Tudo isto ele me contaria pessoalmente, mais tarde). Primo Granato caminhou sem pressa pela lateral até alcançar o lado norte do campo, posicionando-se bem atrás do goleiro adversário.
A partida acabara de ser novamente paralisada e o ambiente entre as equipes chega próximo à ebulição. Ranulpho Sales, que parece ter entrado em campo com um único propósito, no primeiro lance em que se defrontou com o tal “número dois” que tirara o Zezé da partida, partiu correndo na direção dele, mais lembrando um caminhão na banguela, os dois colidiram peito a peito com tal impacto que o jogador visitante rolou inúmeras vezes no chão, indo parar embaixo do alambrado. Companheiros de equipe correram em bloco para cima do árbitro, exigindo expulsão, incluindo o goleiro, fato que obrigou o homem da bengala a adiar um pouco a execução do seu plano secreto. Como já era cena normal em todos os momentos de interrupção do jogo, Sebastião Granato, que já atuara no E.C. Pequeriense algumas décadas antes, e, segundo diziam os antigos, fora dono de um dos chutes mais potentes da história, já se encontrava próximo da meia lua da área passando um sermão técnico ao jogador Galo:
- Cê tá dando espaço pro adversário dominar a bola! Isso não pode acontecer, meu filho!! Dá duro em cima dele!!
Em um outro ponto ouvia-se a voz esbravejante do técnico, esclareço, do técnico oficial, Ascânio Gouveia Matta, esculachando o centroavante, que hoje estava como que se arrastando pelo campo:
Quer passear? – Gritava Ascânio - Então vai pra casa, pega a namorada... Aqui não !! Aqui não!!
Evidentemente, esse quadro de sonolência generalizada que assolava a equipe, devia-se ao grande baile de gala no Clube Social Pequeriense, animado pela orquestra El Dorado, como parte dos eventos comemorativos, baile este que acabara por volta das quatro da madruga e contou com a presença empolgada da maioria dos atletas.
Apenas dois minutos após a bola voltar a rolar, um descuido infantil da defesa local permite aos visitantes retomarem a bola e fazerem o seu segundo gol, e isto era simplesmente, absurdamente, completamente inadmissível, ante à celebração do Primeiro Encontro dos Pequerienses Ausentes. O defensor Rauphinho discute irritadíssimo com o goleiro Paulinho da Luzia, cada qual querendo jogar a culpa do fracasso um no outro.
- Assim não dá, uai! - acusava Rauphinho, desesperado. - Ocê faz que sai mas não sai, uai!!
Para complicar sobremaneira as coisas, no lance do gol, houve a impressão de que o atacante deles estava em posição de impedimento. Considerando que, nesse tempo, os jogos de futebol, mais especificamente esses amadores, de cidades de interior, ainda representavam, única e tradicionalmente, o genuíno amor à camisa, aquele belo e telúrico romantismo que hoje já cedeu lugar às politicagens e interesses financeiros, nesse tempo, o mais importante mesmo, acima de tudo, era a vitória, conquistada com um suor procedente do coração. Não se cogitava lucros, nem fama. Queria-se a vitória, pela honra de se estar defendendo a terra das raízes, da família e dos amores.
Enquanto os protestos e xingos ferviam entre a torcida pequeriense, atrás da baliza norte do Estádio, Primo Granato sentia-se, mais do que nunca, com o espírito imbuído naquele romantismo citado no parágrafo acima, disposto a colocar em prática imediatamente, a sua técnica de São Pedro. Ele mal esperou o goleiro retornar das comemorações do gol, e já foi desfechando:
- Olha aí, meu rapaz: Eu, se fosse você, dava uma colaborada aí conosco. Veja só: A cidade está em festa, todo mundo querendo comemorar... basta ocê deixar entrar uns golzinhos aí e fica tudo bem. Depois procura a gente lá fora, que ocê não vai se arrepender...
Ouvindo isto, o goleiro voltou-se, abruptamente, ainda sem acreditar no que acabara de ouvir. Afinal, ele também amava seu time, suas raízes... Embora as primeiras palavras tenham sido ditas num tom surpreendentemente amistoso, agora, ao encarar o olhar penetrante por trás daqueles óculos de grau, o goleiro chega a sentir um calafrio. Tal sensação virou pavor propriamente dito, quando o homem apontou-lhe a bengala na direção do rosto, e completou, com aquela sua voz de um grave cortante, agora num tom que já não lembrava outra coisa senão o rosnado de um doberman pronto para o bote fatal:
- Foi isso mesmo que ocê ouviu, seu fiedapuuuuta!. Isso, se quiser ir embora pra casa hoje, direitinho, sem nenhum problema...
Primo Granato executou sua tática de São Pedro e retornou tranquilo pelo mesmo caminho, junto à lateral, podendo reconhecer ao longe o Piquitito dentro do campo, gesticulando aflito na tentativa de acalmar seu filho César Calzavara, que atuava na defesa e estava a fim de agredir o juiz por causa do impedimento não marcado. Para o leitor não pequeriense, cabe esclarecer que, César Calzavara, com seu biótipo de uma robustez hercúlea, era como um tanque blindado, uma máquina de agressividade e encrencas, não distinguindo local nem ocasião. Ao ser encarado pelo árbitro, que simulava levar o apito à boca para expulsá-lo, César apontou-lhe o dedo, mesmo tendo o pai e o irmão Washington agarrando-lhe fortemente pela cintura:
- Se me expulsar, eu te pego depois lá fora! – A atitude do grandalhão tinha pleno respaldo da torcida local, em especial do exaltado grupo de solteironas comandado por Léa Micheli e Araci Germano.
O jogo mais uma vez recomeça, e as disputas de bola chegam a lembrar um combate medieval.
- Isso não tá me cheirando bem... – Cochicha, junto ao alambrado, o jogador titular Roberto Secundino, no ouvido do companheiro Sinval Sales, como numa profecia.
- Recua um pouco, meu filho!! Tá muito adiantado!! - grita novamente Sebastião Granato em desespero, ao ponto de estar com um pé do lado de dentro do campo. Nesse instante, a bola cai outra vez no pé do já visado “número dois” adversário, que corre e prepara um lançamento para o setor esquerdo, mas não chega a fazê-lo porque no seu caminho surge um pé de chuteira, que era de César Calzavara, que o atinge logo abaixo do umbigo, mandando-o para o chão como quem fora atingido pelo trem de Mar de Espanha.
Agora não há mais argumentos nem espírito para protestos ou reclamações. Cinco ou seis jogadores visitantes avançaram ferozes para cima do agressor, confrontados por outros sete ou oito pequerienses que também partiram na mesma direção, e em segundos já eram os vinte e dois brigando e mais os torcedores de ambos os lados que começaram a invadir o gramado; havia agora homens de terno e gravata batendo e apanhando entre os uniformizados; Paulinho Vanni arrancava ripas da cerca do quintal de Zé Granato e as distribuía aos companheiros combatentes em meio ao tumulto de xingatórios, pontapés de um lado, socos e empurrões de outro, tapas, chutes, tombos; o grupo de Léa Micheli partia em disparada, mas no rumo do portão do estádio, no mesmo instante em que Seu Modesto recolhia mais que depressa a sua cadeirinha cativa e sumia pelo quintal adentro; Bastião Granato afastava-se do centro do conflito, já sem os óculos e com um ferimento sangrando no alto da careca; seu irmão, Primo Granato, acabara de quebrar a bengala na cabeça do técnico adversário, e com a metade pontiaguda que lhe sobrara, agora queria a todo custo espetar a mulher desconhecida que invadira o campo e o atingira pelas costas com um objeto cortante, precisando a interferência apavorada do seu filho Murilo Granato, que gritava para seu primo grandalhão:
- ô Ronaldo! Ajuda a controlar papai aqui, senão...
- Deixa ele vir!! Solta ele!- Esses eram gritos do treinador Ascânio, segurando na mão uma ripa e já sem nenhum botão na camisa. Houve um estrondo acidental de foguete, causando uma fumaceira nas proximidades do vestiário, misturando-se cheiro de pólvora queimada ao forte odor de óleo massageador, e nada aplacava a ira de Primo Granato, que há tempos já não sabia do paradeiro do chapéu nem dos óculos; seus impropérios agudos sobressaíam em meio às centenas de vozes exaltadas falando e gritando ao mesmo tempo. Ele fazia referências ao lutador verdugo do tele-cath:
- Deixa esse fiedaputa vir que eu faço co’ele igual o caveira!!... Pode vir!
À parte da confusão, Roberto Secundino, no pique de sua forma física e técnica, já uniformizado com camisa e meias vermelhas, calção branco, só faltando as chuteiras, zanzava inconformado de um lado para outro, reclamando indignado com os companheiros titulares, Totõe Pavão e o goleiro Carrapato, todos já preparados para a grandiosa partida principal. E pensar que o craque Roberto planejava um show de bola especial nesse dia, dedicado à sua musa eleita que estava na torcida, a bela Luíza do Zózimo, cujo tio Juquinha Sales se afastara da briga todo suado e escabelado, depois de ter dado e levado inúmeros bofetões, achando graça de si mesmo, exibindo o enorme rasgo na camisa novinha que estreava nesse domingo. Mas no campo a pancadaria continuava:
- Você sabe com quem cê tá falando?? Eu posso lhe prender!!
Eram palavras ameaçadoras de um tenente da 4ª. GAC de Juiz de Fora para um desconhecido que o ofendera, discurso que foi violentamente interrompido com um pé-de-ouvido que o tenente recebeu por trás, sem ter tido condições de identificar o agressor, golpe que o arremessou desorientado de encontro a Ronaldo Matta que sobressaía-se na multidão por causa da estatura, tentando em vão acalmar os ânimos, justamente quando um novo foco de pancadarias surgiu nas proximidades do vestiário, e era outra vez Primo Granato agredindo alguém com seu toco de bengala, agora sobrando para Antonio Matta tentar detê-lo, e eram tantos solavancos e safanões, que o relógio de pulso de Antonio Matta transformou-se num objeto inútil pendurado em seu braço.
O conflito só deu sinais de acabar quando a voz exaltada e revoltada do chefe da delegação visitante, entre xingos e gritarias, anunciava a retirada do seu pessoal do estádio e daquela cidade, para todo o sempre, pondo assim um fim inesperado naquilo que deveria ser mais um grande item festivo do Primeiro Encontro dos Pequerienses Ausentes. Ao lado de Luiz da Rosa e do ex-prefeito Luiz Bastos, o atual chefe do município, Júlio Vanni, contemplava o acontecimento como se estivesse presenciando a demolição de um valioso patrimônio histórico. Assim também reagiam aqueles que ali estavam a fim de assistir algo mais próximo do civilizado. Foi realmente um evento modelo, um grande show de técnica e esportividade.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

História do Futebol


                    PEQUERI -HISTÓRIA DO FUTEBOL -
                                                                                        (Texto de Júlio Cézar Vanni )
.Ainda dos primórdios, recordo-me de ter lido no jornal "O ´Pequeri" de 1916, uma nota dizendo da fundação de um time de futebol denominado Independente, liderado por Capota Guarize, revoltado porque os adultos não davam vez aos jovens. Teria sido o primeiro time juvenil ? Outro registro do mesmo jornal falava da ala esquerda do Pequeriense que em 1920 infernizava os times visitantes: Edmundo Micheli e José Marchetti. Por coinciência, já existiu na Itália, precisamente na cidade de Barga, uma ala esquerda com os nomes dos dois pequerienses do passado.
2. Num dos depoimentos históricos de José Flora e confirmado por Silvino Rodrigues e outros, dá conta que em 1924 o Pequeriense recebeu num sábado, a visita do Baeta Neves, clube de um farmacêutico de Bicas. Oos visitantes deviam chegar no trem expresso 22 cujo horário em Pequeri era às 15 horas, mas que só chegou às 17,30. Como era inverno e as tardes mais curtas (18,30 já estaria tudo escuro), alguem prevendo a impossibilidade do jogo ser realizado, teve a idéia de providenciar junto ao encarregado da Companhia Mineira de Eletricidade de duas lomgas gambiarras com sessenta lâmpadas cada uma, que foram estendidas nos dois lados do campo com suporte de longos bambús. Enquanto isso, alguem providenciava num dos sapateiros da localidade, a pintura branca da bola e outra pessoa a pintura em cal dos gols que ainda não dispunham de rêde. A partida foi realizada a partir das 18 ainda com um restinho de luz e durou só vinte minutos, pois os 10 minutos seguintes, não se via mais a bola e as gambiarras eram insuficientes para iluminar o campo. O placar? 1x1, embora os biquenses estivessem mais interessados no jantar e no baile no Hotel Familiar enquanto teriam de aguardar o trem misto para Bicas. E o trem que deveria chegar às 20 horas, chegou com o atrazo de hora e meia. Estavam felizes!...
3. Do meu tempo de garoto recordo-me do time infantil dirigido por Joca, no campo do Pequeriense. Eis alguns nomes lembrados: Toninho da Sinhá (goleiro), Márcio Dutra, Zé Maria e Julio Vanni (zagueiros). Zizinho Flora, Jamil e Fizo (filho do Joca- meio campo). Silvinho Adário, Ildeu Flora e Italo Magri (atacantes). Do time principal recordo-me, vendo jogar: José Flora, João Flora, Eleutério Costa, Gonçalinho, Miguelinho, Anfilófio Salles, Hernani, Vagum, Salvador, Dandão,etc.4. Do S.C. São Pedro nos idos de 1930, recordo-me da sua escalação com Joaquim Rosa (goleiro), Sebastião Granato e Tininho Sanábio, Lucas Salles, Vitório Granato, e Juquinha Salles. Jaime Matta, Beta Matta, Negrinho (Alcides Lanza), Estevão Granato e José Matta. Depois entraram Eduardo (da fazenda do Piquiri), Humberto Granato, Joãozinho (goleiro), Baita, Geraldo Flora, Ed Cortes, etc. O grande ídolo da época sempre foi o Sebastião Sanábio o Tininho- considerado o mais perfeito craque da história do futebol de Pequeri que só não seguiu o profissionalismo porque não era ambição dos jovens da época.E ele jogou até os 44 anos de idade.

A FUSÃO
A fusão do Pequeriense F.C e do S.C. Pequeriense aconteceu em plena vigência do Estado Novo, imposto por Getulio Vargas. Sem política partidária no meio e considerando as dificuldades de se manter dois clubes numa localidade pequena, surgiu a idéia da fusão. Me parece que a idéia foi de Primo Granato, bem aceita por todos. Recordo-me, como bisbilhoteiro que eu era, o Primo Granato e o Sebastião Granato se encontrando na praça com o Geraldo Flora que logo acatou a idéia da fusão, mas tinha que ouvir o pai e os demais adeptos do Pequeriense F.C. Minha impressão na época era que o Geraldo Flora, jogador de grandes virtudes, sentindo que precisava de um grande time para se projetar como atleta, aceitara a fusão como solução pessoal e também, de integração da comunidade esportiva de Pequeri. E com isso levou o irmão Zizinho Flora a se projetar no futebol.
Sebastião Granato, por seu lado era o maior entusiasta pelos esportes. Era quem controlava o campo, promovia sua limpeza, marcação nos dias de jogos, providenciava as bolas, escalava os juizes, chamava o pessoal para os treinos de terça e quinta feira. Enfim, era o lider inconteste e que tinha como admiradores pessoas que ajudavam em participar da diretoria, como Ed Cortes, Laerte Campos, Sr Agenor Ribeiro, Agenor Garcia Ribeiro (Nonô), Ascânio Matta,etc. A fusão lhe agradava e chegou ao ponto de ter dificuldades em controlar os compromissos de jogos, treinos e direção dos juvenis e infantis.
Com a fusão criou-se uma nova diretoria com novo estatuto, novo uniforme para o time, camisa branca com faixas azul e vermelha em diagonal e legalização do Clube na Federação Mineira de Futebol, sem o que não poderia participar dos campeonatos regionais. Aproveitou-se o S.C (Sport Club) do São Pedro e o nome Pequeriense, fadado a um longo período de glórias para Pequeri, culminado como "Esquadrão de Aço", por várias vezes campeão da Associação Biquense de Clubes e da Liga Amadorista de Bicas da qual participaram o Leopoldina F.C. o S.C Biquense, clubes de cidades periféricas e até de São João Nepomuceno. Foi um período de ouro para o futebol da microrregião - mais ou menos 10 anos - criando-se vários clássicos que realmente levavam grande público aos estádios.
O Esquadrão de Aço, apelido do S.C. Pequeriense no período em que foi juntamente com o Leopoldina F.C e o S.C. Biquense, os grandes da região, coincidiu com a rivalidade política entre Pequeri e Bicas que culminaria com a emancipação da nossa terra. A rivalidade futebolística mesclada com a política, levava os atletas de Pequeri a se unirem cada vez mais e com isso o grande período de conquistas. E que timaço: Zeca da Baldina, Didi Fialho, Baita, Sinval Sales, Glauco Sanábio, Renato Matta, Tininho, Murilo Matta, Genésio Matta, Zequinha, Geraldo Flora, Herman Guarize, Zé Capota, Brian Guarize, Zé Daniel, Alfredinho, Angelinho Granato, Zizinho Flora, Ralph Salles,Zeca Favero, etc - meu Deus - era muita gente boa de bola que se revezava sem deixar mágua. Era uma geração em que se encaixariam ,perfeitamente, Roberto Moreira, Murilo Moreira, Henrique Matta e os irmãos Luiz Carlos e Julinho Costa. Há outros nomes que precisam ser lembrados.
DUAS PARTIDAS INESQUECÍVEIS. Devia ser, 1937. O S.C. São Pedro jogava com o Miramar de Mar de Espanha e o Pequeriense F.C. contra um time de Rochedo no mesmo horário de 15 às 17 horas. Ambos os campos eram abertos e estavam cheios. A vila ficou vazia, pois até os velhos, sem nada para fazer, iam aos campos de futebol. No campo dos Granatos, vitória do time da casa por 2x1, goals de Negrinho e Estevão Granato contra um de um tal de Tapuranga. Terminada a partida, os torcedores do S.C São Pedro descobriram que a partida no campo do Pequeriense começara com 30 minutos de atrazo, para lá se dirigiram torcendo contra o time da casa.O Pequeriense ganhava por 1x0 e os rochedenses, estimulados pela torcida de última hora, conseguira o empate.
O sino da Igreja tocou festivo chamando os fiéis para a benção vespertina. Era um domingo de maio, dia de festa de Nossa Senhora com procissão marcada para às 18 horas. Caso contrário, poderia ter acontecido uma briga muito séria.
UNIDOS DE PEQUERI F.C.
Corria o ano de 1946. Vários filhos de Pequeri tentavam a vida no Rio de Janeiro. Sempre em contato entre si, o jovem Luiz Abilio Pimenta Alves, filho do dono do Hotel Avenida, tinha por hábito convocar os amigos para jantar no hotel, sempre aos sábados, por conta da casa. Num dos jantares, surgiu a idéia de se fundar um time de futebol de pequerienses já que todos eram praticantes do velho balipodo. Assim surgiu o Unidos de Pequeri F.C. com sede no hotel , sendo eleito presidente o sr Rodolfo Granato. Integravam o time os seguintes filhos da santa terrinha: Luiz Abilio P Alves, Geraldo Granato, Gilson Guilhermino, Julio Vanni, Luiz Fialho, Italo Magri, Angelinho Granato, Guilherme Guilhermino, Luiz Micheli Valloni, Edson (?) e Eli Garrido. Armado o time, a ideía unânime era fazer uma excursão a Pequeri para jogar contra o S.C Pequeriense, na época consdierado imbátivel na região. Marcado o jogo, o Unidos de Pequeri se reforçou com quatro jogadores importantes do Confiança F.C. clube campeão de amadores do Rio de Janeiro, já que Italo Magri e Julio Vanni estavam adoentados sem chance de participarem da partida. Em Pequeri a idéia geral era que o time local venceria, no mínimo, por 6x0 podendo chegar a uma goleada histórica. Era muita audácia dos filhos da terra que mal poderiam jogar entre os reservas do Esquadrão de Aço.
Acontecia que naquela ocasião o Pequeriense carecia de um bom goleiro. Atuava no gol um tal de Leão que não desprezava uma cachaçinha. Temendo a goleada, alguém do time visitante achou de pagar umas doses duplas de cachaça para o Leão, pouco antes do início da´partida. E não deu outra. Após o primeiro tempo, os visitantes já venciam por 3x0 o que deixava espantados os torcedores locais e atônitos os velhos amigos Sebastião Granato, Beta Matta, Tininho, Geraldo Flora, Ed Cortes, Ascânio Matta, Zeca Favero, enfim todo o time, que confiava numa virada no segundo tempo, que quase aconteceu. Era dia do S.C Pequeriense perder goals um em cima do outro e ser derrotado por 4x3. Inconformados, torcedores e jogadores locais queriam uma revanche no domingo seguinte. Pagariam todas as despesas, etc. Por esperteza, o Unidos de Pequeri foi sempre protelando em aceitar a revanche, até que desapareceu dois anos depois. 

Pequeriense Futebol Clube:
De pé : 1º Odilon Campos,3º Nilo Soares Sobreira,





4º Edmundo Micheli, 5º Marcheti 8º José Flora      (1918-1930)









 Novembro, 1941: Sebastião Adário, Vicente Duim, Sabará, Tininho, João do Pequeri,João Flora, Eduardo
Geraldo Flora, Beta, Dico Fávero e Geraldinho


      Nesta foto : 1º - Marília Dutra 2º- Zita Brum  3º- Iara Emílio Ferreira 4º- Wilma Granato 5º Nice Ferreira 6º- Nemésia Flora 7º Tuna Salles e o jogador Tininho (Sebastião Sanábio da Costa) (de frente).À frente, lendo : Anita Granato.
Alguns jogadores do Sport Clube Pequeriense: ( esquerda pra direita): Nilo Martins, Ernani, Geraldo Flora e Tininho.
Fotos do arquivo pessoal de Nemésia Flora, gentilmente cedidas para esta postagem.



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