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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Memórias de Júlio Vanni

MEMÓRIAS  DE JULIO VANNI  -  PRIMEIRO RASCUNHO
Não sei bem quando entrei na política de Pequeri. Jovem, já sentia correr em  minhas veias o  germe politicum,  tipicamente  mineiro, decorrente do vivo interesse que eu tinha pela vida, história do lugar e pela política nacional. A educação moral e cívica e as atividades pré-militares no Colégio Leopoldinense no tempo da Segunda Guerra Mundial foram bem acentuadas, ao  ponto de eu pensar em me alistar, ou ser convocado para a Força Expedicionária Brasileira.  O fim da guerra em 8 de maio de  1945, não modificou a minha convicção de patriota ardoroso e convicto de que eu teria de ser um cidadão ético, decente e  prestativo à comunidade em que vivesse. O  Colégio Leopoldinense fora, na época, uma verdadeira fábrica de cidadãos conscientes e bem preparados para  servir a pátria e vencer na vida.
Já naquele tempo, eu acompanhava com vivo interesse a  política de Minas Gerais e tive no deputado federal, Carlos Luz, que fora presidente da  Caixa Econômica Federal no tempo de Getulio Vargas,  o modelo  a seguir. Político carismático, sério e com postura de estadista, tinha sua  base eleitoral em Leopoldina e  sonhava ocupar um dia o Palácio  da Liberdade. A convivência com ele e os seus conselhos no  sentido de cuidar, inicialmente, da terra natal, me levaram a  pensar em Pequeri, ainda um distrito de Bicas, dominado pelo astuto dr  Oliveira e Souza, um autêntico  “coronel”  municipal.
Entre a minha vida acadêmica no Rio de Janeiro e o interesse por Pequeri, eu já me preocupava como dividir  o meu tempo  na capital e, ao mesmo tempo, ajudar  a santa terrinha natal.  Influenciado pela prática do jornalismo estudantil praticado em Leopoldina, criei um Boletim Informativo, mensal, com cem  cópias  mimeografadas,que eram distribuídas nos fins de semana, quando chegava a Pequeri, principalmente nos dias em que  havia jogo do campeonato da Liga de  Bicas e o S.C. Pequeriense jogava em casa.
Passava férias em Pequeri, quando numa tarde de muito movimento na praça da estação, vi descerem do  expresso 22 que ia para  o Rio de Janeiro, o prefeito de Bicas, dr. Oliveira e Souza e o deputado estadual Último de Carvalho, que tomaram o rumo da casa de José Flora., um inconteste líder  social e político do lugar. Estavam comigo na esquina da rua Marcelino Tostes, bem em frente onde os carros de passageiros paravam, o Braz Germano, o Lúcio  de Castro , o Juquinha de  Castro e o negociante Antônio Guarise que ao ver os dois políticos, alertou-nos de que haveria notícia política relevante naquele dia.  Pequeri na época, era 80% dominada pela UDN ( União Democrática Nacional) que se opunha   à  política do Dr. Oliveira e Souza que era do PSD ( Partido Social Democrático) e que elegera Juscelino Kubscheck governador do  estado. De imediato sugeri ao Braz Germano  que ele fosse à casa do José Flora, casado com sua irmã Iracema, e procurasse ouvir, discretamente, o que poderia ser a grande novidade do dia.  E tal aconteceu. Era a emancipação de Pequeri, proposta pelos visitantes  ao José Flora, em nome do governador Juscelino, condicionando a criação  de um diretório bem forte do PSD no distrito. Era interesse de Juscelino Kubscheck pacificar o  estado a fim de disputar a  presidência da  República  e, ao mesmo tempo,  o novo diretório  daria ao Oliveira e  Souza, o domínio político na localidade que tanto o incomodava.  Compreendi logo que o diretório da UDN  poderia acabar em Pequeri porque o povo via  a emancipação como uma rara oportunidade de progresso. Mas, mesmo  enfraquecido, o diretório da UDN sobreviveu, já que os vereadores por  Pequeri  na Câmara Municipal de Bicas, José Flora e Laerte Campos, tinham sido eleitos pela UDN que contava com outros dois vereadores eleitos pela sede do município.  Com quatro vereadores da UDN e mais o voto do vereador  do Partido Republicano que apoiava Oliveira e Souza na Prefeitura, porém presidido  por Antero Dutra Marques, um filho de Pequeri que logo abraçou a causa da terra natal,  estava garantida a emancipação. A campanha  emancipacionista  foi quase um delírio em Pequeri  contagiando , inclusive, os filhos do lugar que viviam fora. Sem poder estar com freqüência na saudosa vila, eu acompanhava de perto todos os acontecimentos, telefonando, diariamente, para o amigo da minha família, sr Luiz Emílio Ferreira (Seu  Lulú), gerente do Laticínio da firma Marques Sampaio Ltda, que me informava de todos os acontecimentos. Seu telefone era um dos três que havia em Pequeri. E a emancipação aconteceu no dia 13 de dezembro de 1953. Na instalação do município estive presente e fiz meu discurso emocionado, já pensando ser um dia, prefeito do lugar. 
Recebi por e-mail de Julio C. Vanni

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