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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

História do Hospital de Pequeri

                               

                              História do Hospital de Pequeri


              Corria o ano de 1.967.  A cidade sem calçamento, sem telefone, sem água, luz deficiente, sem médico ou serviço compatível com as suas necessidade, propiciava á população um quadro desolador.  O posto de Saúde do Estado, precariamente instalado nos fundos do mesmo pardieiro em que funcionava a Prefeitura Municipal, era algo de asqueroso, suscetível de comprometer a credibilidade dos serviços públicos e de agredir os mais elementares preceitos de higiene e de assistência médica.  Não aceitando aquela promiscuidade e constatando que o prédio não comportava uma reforma para a natureza dos serviços, tratou o prefeito de alugar uma casa na mesma rua e, com pequena reforma, adapta-la ás necessidades do Posto de Saúde. Era uma providência emergencial e oportuna que perduraria por mais algum tempo até que algo mais importante pudesse ser feito.


          Homem afeito ao planejamento, aquela autoridade, entre os muitos projetos montados para Pequeri, colocou como o Plano Municipal de Saúde, através do qual pretendia atender ás necessidades médicas da população resolvendo, de vez, o problema.
           Contava do Plano de Saúde a construção de uma Unidade Médica suficientemente equipada para as emergências, com ambulatório, farmácia, gabinete dentário, sala de partos, duas enfermarias com dois leitos cada uma, aposento para médico, sala administrativa, copa e cozinha, e até uma ambulância para o transporte dos doentes e acidentados que necessitassem de ser removidos para os hospitais  de Bicas, Mar de Espanha, Juiz de Fora ou Três Rios.  Mercê ás suas características, aquela Unidade foi denominada Mini Hospital sendo, pois o embrião de um futuro nosocômio.
            Com essa idéia de Mini Hospital, o prefeito levou o projeto á apreciação do Dr. Harrisson de Mendonça, titular do Posto de Saúde e que somente ás quintas-feiras comparecia a Pequeri.Encontrou-o, após o expediente, conversando com o Coletor  Estadual, Agenor Garcia Ribeiro, dinâmico “auxiliar” de serviços médicos nas horas vagas que, na adolescência e até mesmo antes de ocupar o cargo público, havia trabalhado no ambulatório de uma farmácia. Sentados á mesa de um bar na Praça Antero Dutra, os três trocaram impressões sobre a difícil situação do serviço médico em Pequeri, ao mesmo tempo em que passaram a analisar o projeto  do  Mini Hospital.   Pouco depois se juntava ao grupo o gerente da Minas Caixa, Sr. Ronaldo Granato Matta, que já conhecendo o projeto do prefeito, sugeriu, com a espontaneidade que lhe é peculiar, um brinde á construção do Mini Hospital.
            Alegando a dificuldade financeira da Prefeitura, o prefeito lembrou de que a construção daquela Unidade de serviço médico deveria ter a participação da comunidade e,  para isso, pretendia criar uma entidade filantrópica ensejando, destarte, a colaboração do povo.
           Agenor Garcia Ribeiro, figura eclética, bom escriba e que de tudo conhecia um pouco, prontificou-se a elaborar um estatuto de uma Associação de Caridade e Assistência. Já no segundo brinde, o grupo se comprometia em levar adiante aquele plano marcando, para isso, uma reunião na quinta-feira seguinte.
            Sem o compromisso de qualquer sigilo, o assunto ganhou as ruas para receber a simpatia popular dos incrédulos. O prefixo “Mini” acabou esquecido no processo, o que influenciou o desenhista Luiz Carlos Fernandes da Silva a elaborar uma planta com base nos hospitais da região.
            Na semana seguinte, no dia 12 de abril de 1.968, realizou-se no posto de saúde a reunião programada. Diante do esboço do estatuto elaborado por Agenor Garcia Ribeiro, os pioneiros resolveram eliminar de vez o “Mini”.  Amadurecida a idéia, ficou acertada a realização de uma terceira reunião para a qual foram convidadas as figuras proeminentes da comunidade. 
            No dia n19 de abril foi realizada a reunião que marcou o nascimento do hospital, lavrando-se, em folha de papel, a primeira ata da Associação de Caridade e Assistência de Pequeri -ACAP, cujo original se acha devidamente conservado e guardado em cofre. Naquela reunião ficou decidida a convocação de uma assembléia no Clube Social para o dia 05 de maio de 1.968.
           Na data aprazada, contando com a presença de cerca de setenta pessoas, nascia oficialmente a Associação de Caridade de Pequeri, lavrando-se a competente ata de função, promovendo-se a eleição da primeira diretoria e a aprovação do estatuto. Os primeiros dirigentes eleitos foram: provedor- Boanerges Dutra de Morais, vice-provedor –Ascânio Gouvêa Matta, primeiro secretário – Agenor Garcia Ribeiro,  segundo secretário –Ed Côrtes Costa , primeiro tesoureiro _Nusin Kielmanowicz e segundo tesoureiro _Joel Pereira Alvim, ficando o Dr. Harrison de Mendonça como diretor do hospital. Estava, assim, criado o Hospital S. Pedro.
           Ainda naquela oportunidade, o prefeito Júlio Vanni além de manifestar o empenho da prefeitura na realização da obra, propôs aos presentes que ali mesmo fossem feitas as primeiras subscrições de quotas a fim de serem atendidas as despesas iniciais, no que foi prontamente atendido.
          A notícia da fundação do hospital alcançou logo o domínio público, sensibilizando a quantos tivessem qualquer vínculo ou de negócios em Pequeri. Ainda empolgado com o êxito do movimento, o prefeito levantou a idéia de se promover uma festa, a festa do pequeriense ausente e de amigos de Pequeri, cuja renda seria totalmente aplicada nas obras do hospital. Rifas, bingos, quermesses,doações,churrascos,almoços,jantares beneficentes e até sorteios de brindes pelo resultado diário do bicho, tomaram conta da cidade numa agitação por demais animadora.
           Era plano do prefeito construir o hospital na colina situada atrás da atual sede da Prefeitura Municipal, na praça Dr. Potsch.  Aconteceu, porém, que o Sr. Victor Belfort Arantes Filho, também empolgado com o movimento, teve de ser internado numa emergência em Juiz de Fora. Ao regressar, procurou o prefeito e lhe ofereceu em doação 16.000m  de terreno para a construção do hospital, justamente ali na colina “Bela Vista” onde se encontra o atual nosocômio.
          É importante registrar as doações voluntárias de carretos, mão de obra, dias de serviço, material, etc, feitas, inclusive, por gente humilde, hoje, praticamente impossível identificá-las, mas que evidenciaram a participação da comunidade  como um todo.  Mas o ponto alto da campanha ficou mesmo por conta da festa de pequeriense ausente, cujo saldo de mil cruzeiros na época, algo hoje como setenta mil cruzados, permitiu o lançamento da pedra fundamental no dia 21 de dezembro do mesmo ano, e a  aceleração das obras no dia seguinte sob a direção do construtor Augusto Cortes, já que a Mineração Anasteve, por deferência especial do seu diretor Rubem Keller, cuidara dos serviços de terraplanagem.
         Construído o primeiro bloco, partiu-se logo para a construção do segundo com a doação feita pelo Dr. Carlos Juarez Belfort Arantes de todo o cimento para a sua laje.
          Para o Prefeito Júlio Vanni, incansável no acompanhamento das obras e na obtenção de recursos materiais e financeiros, foi uma agradável consagração, ao fim do seu mandato, poder o prédio abrigar pelo menos a parte ambulatorial.
          Os prefeitos que se seguiram, Boanerges  Dutra de Morais e Luiz Abílio Pimenta Alves, também se empenharam nas obras do hospital. Mas a falta de recursos e a inflação que já agravava a economia do país, não tardaram em provocar uma estagnação das obras. Boanerges teve contra o seu desempenho, o fato de ter sido o seu mandato de dois anos, agravando com o seu precário estado físico, cuja molestia o arrebatou da vida poucos anos depois.
           Por muito tempo o hospital esteve totalmente paralisado, como um verdadeiro elefante branco sob a égide da Fundação Municipal de Saúde, entidade que, estranhamente, se transformara a Associação de Caridade e Assistência de Pequeri .
           Mas foi na administração do prefeito José Vicente Daniel que o  hospital pode ser concluído. A Fundação Municipal de Saúde se transformou na atual Associação de Caridade  S. Pedro e seu provedor eleito foi o Senhor René Cozac que se propôs a dar a arrancada final até o seu pleno funcionamento.Deixou assim  o hospital, de ser o grande elefante branco sob as vistas do povo, já quase descrente da sua utilização.
           Há pois de se louvar o desempenho do prefeito José Vicente Daniel  em equipar o hospital e ao incentivo dado as obras que naquela altura já eram custeadas pelo Sr. René Cozac que assim inscreveu o seu nome no rol dos maiores beneméritos do Hospital.
           É verdade que o hospital está bem equipado e se acha em pleno funcionamento desde o ano de 1986, quando se tornou realidade o convênio com o INAMPS mercê a elevada colaboração dos Srs. José Murilo Borges e Jair Cardoso.
           É verdade também de que o hospital carece, ainda, de novas instalações e novos equipos a fim de atender as exigências do INAMPS e o crescimento natural dos seus atendimentos e, até mesmo, de pessoal competente conforme recomendam os seus atuais dirigentes clínico e administrativo, respectivamente, o Dr. Harrisson de Mendonça e Dr. Edmir Moutinho.
           Neste relato encerra o primeiro capítulo de uma longa história, já com 19 anos de existência, desde que os quatro pioneiros se sentaram a uma mesa de bar na praça Antero Dutra, num instante de lazer e de muita felicidade cívica.
           É lamentável que ninguém tenha registrado os nomes de tantos doadores e colaboradores populares, de operários a doutores, que acabaram ficando no anonimato, mas que foram de grande valia para que Pequeri tivesse este hospital que é, sem dúvida, uma obra que a nossa gente pequeriense deve orgulhar-se. Mas seus nomes, certamente, estarão registrados nos anais divinos.
          Resta-nos dizer uma derradeira verdade.  Uma verdade verdadeira ou melhor, verdadíssima, verdade límpida, cristalina, incontestável que merecia ser gravada numa placa á entrada do hospital:

          Esta obra nada deve aos governos federais e estadual na sua parte física.
      Foi considerada sendo um patrimônio inclusive da comunidade pequeriense  que sempre contou com a  boa vontade de denodados amigos e benfeitores desta cidade.

         

         Fundadores: Júlio Cezar Vanni, Agenor Garcia Ribeiro, Dr. Harrisson Mendonça e Ronaldo Granato Matta.
          Doador do Terreno: Victor Belfort Arantes Filho.
          Projeto de Luiz Carlos Silva.
          Construtor (1 fase): Augusto Cortes
          Terraplanagem: Mineração Anasteve Ltda.
          Início das Obras: 21 de dezembro de 1968.
         

          Primeira Diretoria:
          Provedor -Boanerges Dutra de Morais
          Vice Provedor:Ascânio Gouveia Matta
           1 º Secretário: Agenor Garcia Ribeiro
           2º Secretário: Ed Côrtes Costa
         
           1ºTesoureiro:Nusin  Kielmanowicz (Natan)
           2º-Tesoureiro : Joel Pereira Alvim
           Conclusão da Obra em 1982: Renê Cozac
       Prefeito que iniciou á obra: Júlio Cezar Vanni
       Prefeito que equipou e inaugurou: José Vicente Daniel

Texto recebido por e-mail de  Dr. Julio César Vanni, ex-prefeito e histotoriador.





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